domingo, 7 de junho de 2015

Pincelei mais uma mancha. A tinta sugava-me entre os poros, rompia-me todos os segredos para ser escrita naquelas paredes brancas. Era suor meu, eram lágrimas, uma espécie de arte mal amanhada. Quem queria ver; quem queria ter? Entre os olhos, tentava criar o que o mundo proibira, pintando com cores sem rumo, mais perdidas ainda do que eu. A sala era vazia e mesmo assim, aquele pintor de rua, devorou-me com a alma e perguntou-me o porquê.
«São camadas a mais.» - Gritava. «Despe-te, deixa que água vire cor nessas costas tão leves.»
Mas a sala era vazia; sublinho. As mãos derretiam-se naquela tela, naquele desenho que alguém pintara anteriormente a mim. O aroma exalava-se, ofuscava de calor quem o via. Quem me dera poder sussurrar ao mundo como tudo não era nada mais que azul.

Sem comentários:

Enviar um comentário